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sábado, 8 de agosto de 2009

Histeria Coletiva Suína

Existe uma doença que vem assolando o mundo, o Brasil e algumas cidades brasileiras em específico. Não, não se trata da gripe suína, mas sim da histeria coletiva. A população está correndo atrás de desinfetantes, máscaras e remédios antivirais, com algumas pessoas beirando o pânico por conta de um vírus de gripe que tem menos casos registrados e taxa de fatalidade extremamente inferior se comparado ao vírus da gripe sazonal.



O que os telespectadores ainda parecem não terem percebido é que os veículos de comunicação transformaram-se em comércios e o produto que eles vendem são as notícias. As emissoras de televisão, em especial, precisam de produtos novos freqüentemente para que suas vendas não caiam. Afinal de contas, notícias velhas não têm valor. Mas como não é todos os dias que cai um avião, morre uma celebridade ou surge uma doença, a mídia precisa prolongar o prazo de validade dos acontecimentos. Para tanto, ela dribla o lado racional e apela para o emocional das pessoas, pois é muito mais fácil manipular a raiva, a intolerância e o medo que manipular a inteligência e o senso crítico. Ao invés de falar que o acidente do avião da Air France foi uma tragédia, ela coloca os familiares na primeira capa, remoe cada segundo das operações de buscas e demanda explicações que as autoridades se veêm forçadas a fabricar, muitas vezes sem critérios científicos, apenas para satisfazer a sede dos repórteres. Da mesma forma, não bastou noticiar a morte de Michael Jackson, foi preciso lançar coletâneas, exibir especiais sobre sua carreira e fabricar notícias sobre um possível homicídio. Quanto ao mais recente escândalo midiático, não são informados dados sobre a baixa fatalidade da gripe suína, nem que os afetados pela doença, na grande maioria, têm uma recuperação total em poucos dias. O que se vê são manchetes sobre grávidas e crianças morrendo, corrida às compras por álcool em gel e máscaras cirúrgicas e fechamentos de escolas (que levam as crianças a deixar de estudar para irem se reunir em festinhas, shoppings ou parques, esvaziando qualquer efetividade do cancelamento das aulas sobre um possível contágio pela gripe).


Não é difícil recordar outros casos dessa que é uma das doenças mais graves da atualidade. A Histeria Coletiva Induzida pela Mídia (para qual também podemos inventar um nome pomposo para lhe conferir status e importância, algo como “A H1C1I1M1”) já destruiu vidas como no caso da Escola de Base em 1994 em que os donos foram acusados de abuso sexual contra as crianças, sendo que sua inocência foi depois provada, sem contudo receber a mesma divulgação e estardalhaço por parte dos meios de comunicação. Em 2006 a cidade de São Paulo se viu sitiada por ataques do grupo criminoso PCC, mas não devido à gravidade dos atentados, mas pela histeria que contaminou as autoridades públicas, em especial as forças policiais, que reagiram com severidade descabida contra toda a população. Mais importante talvez seja recordar um caso mais recente, e ironicamente semelhante ao atual surto de histeria coletiva.

Em fins de 2007 e começo de 2008, pessoas de todo o país correram para os postos de saúde para se vacinarem contra a Febre Amarela depois de ocorrerem casos no estado de Goiás. Quase houve um desabastecimento das doses da vacina, mesmo em regiões onde a doença não é endêmica.

Os casos acabaram, a notícia caducou, e os telespectadores desavizados foram mais uma vez vitimas da venda de alarde por parte da mídia sensacionalista, que hoje não se restringe a alguns jornais de qualidade duvidosa mas sim engloba todas as emissoras de tv, jornais de grande circulação e portais mais acessados da internet.


Portanto, para evitar que você seja contaminado por mais essa epidemia, preste atenção nas informações sobre a doença:

- nome: Histeria Coletiva Induzida pela Mídia (A H1C1I1M1)

- agente transmissor: redes de televisão, jornais e sites da internet

- prevenção: informe-se sobre as notícias veiculadas pela mídia em fontes isentas e conhecedoras do tema

- tratamento: desligue sua televisão e vá ler um livro, andar de bicicleta ou passear pelos shoppings desertos (com direito a mesa fácil na praça de alimentação mesmo em fins de semana)

E lembre-se: mais perigoso que uma gripe são as chuvas e enchentes em Santa Catarina e no nordeste, os escândalos do Senado e a violência urbana sempre presente. Mas essas são notícias velhas que não vendem mais…


Ilude-se quem está usando máscaras cirúrgicas pelas ruas das grandes cidades do país pois já estão doentes. Melhor seria que as trocassem por um belo nariz de palhaço porque foram manipulados mais uma vez e estão infectados pela doença do momento.


quinta-feira, 25 de junho de 2009

Michael Jackson


Sob as luzes da fama Michael Jackson cresceu roubado de sua infância e adolescência para se tornar o Rei do Pop. Sua influência artística é inegável e presente até hoje. Seu talento como homem de negócios foi notório como, por exemplo, quando adquiriu grande parte dos direitos sobre canções dos Beatles. Ele reescreveu a história dos videoclipes com sucessos como "Thriller" e "Black or White" e o famoso passo de dança moonwalk. Inovou com projetos como "We are the World" que buscava usar a popularidade de artístas para atrair a atenção do mundo para problemas humanitários e pessoas marginalizadas pela sociedade.

Infelizmente a partir da década de 1990 a imagem de Michael Jackson foi manchada por acusações nunca provadas e escândalos explorados pelo lado negro e sujo da imprensa. Foi vítima da super exposição das celebridades e da ganância da mídia em lucrar com notícias fáceis, superficiais e sensacionalistas, prática que se acelerou com o tempo e que continua mais forte atualmente destruíndo vidas de pessoas como Britney Spears e Amy Winehouse.

Mas é impossível apagar ou sequer ofuscar a grandeza da obra do artísta que mudou para sempre a música pop. Michael Jackson faleu dia 25 de junho de 2009 aos 50 anos, mas a genialidade e influência de sua carreira continuarão relevantes, atuais e incomparáveis.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Realidade fabricada






Em 1999 quando estreou a febre mundial de reality shows, todos ficamos fascinados com a novidade que revolucionou a televisão mundial. De repente, ver outras pessoas fazendo as mesmas coisas que nós fazemos em nossas casas se tornou uma forma popular de entretenimento, e o programa preferido do jantar em família passou a ser assistir desconhecidos jantando trancafiados em uma casa melhor que a nossa. Mas o que falhamos em perceber foi como essa onda de realidades fabricadas televisionadas se tornaria grosseira, opressiva e manipuladora.

Duas das maiores redes de TV do país lançaram recentemente dois novos programas do estilo "assista durante 12 semanas ininterruptas ou você não entenderá a trama e será excluído das rodinhas de conversas de amigos e colegas de trabalho". Nenhuma novidade nisso, pois quando um programa acaba outro já é logo emendado para que você telespectador continue acorrentado à sua TV. Lembro durante o carnaval desse ano quando estava na casa de um amigo jantando, conversando e curtindo o feriado, que as cerca de 15 pessoas lá presentes viraram perfeitos zumbis grudados na telinha da televisão quando o BBB (big brother brasil) foi ao ar. O clima de diversão, conversas, comilanças sumiu e deu lugar a discussões sobre quem era a vilã do programa e quem merecia vencer. Como não acompanhava essa novela do século XXI pude perceber como eram patéticas aquelas pessoas que deixavam de lado suas próprias vidas e interações reais para discutir e decorar os acontecimentos forjados pela TV. Não quero dizer com isso que eu seja imune à essa manipulação da mídia, apenas que aquele momento em que eu não era um membro do gado arrebanhado pelo BBB me serviu para perceber o quão absurda se tornou a situação.


Embora no Brasil as TVs abertas ainda dominem o mercado, o problema dos reality's é imensamente maior na tv a cabo. Nela você pode encontrar as tendências que logo serão adotadas por todos os canais, com temas tão variados quanto esdrúxulos. Solteiros desesperados atrás de amor, noivas neuróticas e casais prontos para o divórcio. Cabelereiros pretensiosos, estilistas deslumbrados e riquinhas mimadas e inúteis. Cantores desafinados, dançarinos descoordenados e talentosos sem talento. Gordos que querem ser magros, magros anoréxicos à beira da morte e pessoas sem auto-estima que pagam qualquer preço para mudar sua aparência. Caminhoneiros do gelo, construtores de túneis e domadoras de adolescentes. Será que existe um limite para a estupidez dos assuntos que podem ser transformados em programas de TV?

É engraçado lembrar como achamos ridídulo que a população da Roma antiga possa ter sido manipulada com a política do "pão e circo", quando a única diferença para os dias atuais é que o circo invadiu nossas casas, tomou nosso tempo livre, e nos deixou sem tempo para vivermos nossas vidas. Mas isso não parece ser problema, desde que vigiemos a de outras pessoas através da realidade fabricada pela mídia. Quem precisa criar os próprios filhos quando se pode assistir a uma babá adestrando os monstrinhos alheios? Para que se aperfeiçoar e subir na carreira quando é mais divertido rir enquanto vemos alguém ser demitido de mentirinha? Qual a vantagem de se estressar com os desvios de dinheiro do governo quando é mais prazeroso nos ocuparmos com a última fofoca direto do edredon da casa mais vigiada do país?

Será que perceberemos quando chegarmos ao fundo do poço? Será que já chegamos? Talvez o fundo do poço seja quando os reality's refletirem a nossa verdadeira realidade. Serão programas sobre pessoas sem vontade própria nem ânimo, cuja existência se resume à escravidão do trabalho e da TV, que vivem em função das realidades fabricadas pela tela brilhante que domina suas salas, suas mentes e suas vidas. Afinal de contas, é mais fácil ser manipulado na segurança de nosso lar do que sair para o mundo e gozar das alegrias e sofrer os dessabores que ele tem a nos oferecer. Mas chega de escrever esse texto tão negativo. Pensar sobre o assunto já cansou minha cabeça acostumada a ser entretida. E, como American Idol já acabou este ano, vou para frente da TV descobrir quem será o Survivor da China.